É uma fotografia feita ao fim da tarde, em Havana e talvez uma das imagens que melhor traduzem o que vivi e aprendi por lá.
O Malecón não é apenas uma calçada à beira-mar. Para os habaneiros, é sala de estar, arquibancada, altar e refúgio. É onde se encontram com o mar, com a brisa e principalmente com o outro. Um lugar coletivo.
Naquele dia, vi dois meninos brincando com uma linha e um carretel. Só isso. A cidade se desenhava ao fundo, o chão espelhava o céu dourado, e eles pareciam donos do tempo.
Essa imagem me lembra que, mesmo com pouco, ainda se pode voar.
Minha singela homenagem à infância, à liberdade e a tudo que a escassez nunca conseguirá apagar.
